Santíssima Trindade
O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central
da fé e da vida cristã. Deus se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi
Nosso Senhor Jesus Cristo quem nos revelou este mistério. Ele falou do Pai, do
Espírito Santo e d'Ele mesmo como Deus. Logo, não é uma verdade inventada pela
Igreja, mas revelada por Jesus. Não a podemos compreender, porque o Mistério de
Deus não cabe em nossa cabeça, mas é a verdade revelada.
Santo Agostinho (†430) dizia que: “O Espírito Santo
procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação eterna deste último ao
Filho, do Pai e do Filho em comunhão” (A Trindade, 15,26,47).
Só existe um Deus, mas n'Ele há três Pessoas divinas
distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver mais que um Deus, pois
este é absoluto. Se houvesse dois deuses, um deles seria menor que o outro, e
Deus não pode ser menor que outro, pois não seria Deus.
A Trindade é Una. “Não professamos três deuses, mas um
só Deus em três Pessoas: “A Trindade consubstancial” (II Conc. Constantinopla,
DS 421). “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o
Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por
natureza” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). “Cada uma das três pessoas é esta
realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina” (IV Conc.
Latrão, em 1215, DS 804).
A Profissão de Fé do Papa Dâmaso diz: “Deus é único, mas
não solitário” (Fides Damasi, DS 71). “Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” não são
simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente
distintos entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não
é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Conc.
Toledo, em 675, DS 530). São distintos entre si por suas relações de origem: “É
o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede” (IV Conc.
Latrão, e, 1215, DS 804).
A Igreja ensina que as Pessoas divinas são relativas umas
às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das Pessoas entre
si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras:
“Nos nomes relativos das Pessoas, o Pai é referido ao
Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três
Pessoas, considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou
substância” (XI Conc. Toledo, DS 675). “Tudo é uno [n'Eles] lá onde não se
encontra a oposição de relação” (Conc. Florença, em 1442, DS 1330). “Por causa
desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito
Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o
Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Conc. Florença, em
1442, DS 1331).
Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório
Nazianzeno (330-379), “o Teólogo”, explicava:
“Antes de todas as coisas, conservai-me este bem
depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz
suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de
fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que
daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como
companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe
Una nos Três, e que contém os Três de maneira distinta. Divindade sem diferença
de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que
rebaixe [...]. A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um
considerado em si mesmo é Deus todo inteiro [...]. Deus os Três considerados
juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em Seu
esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim (Or.
40,41).
O primeiro Catecismo, chamado "Didaqué", do
ano 90 dizia:
"No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não houver água
corrente, batizai em outra água; se não puder batizar em água fria, façais com
água quente. Na falta de uma ou outra, derramai três vezes água sobre a cabeça,
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Didaqué 7,1-3).
São Clemente de Roma, Papa no ano 96, ensinava: "Um
Deus, um Cristo, um Espírito de graça" (Carta aos Coríntios 46,6).
"Como Deus vive, assim vive o Senhor e o Espírito Santo" (Carta aos
Coríntios 58,2).
Santo Inácio, bispo de Antioquia (†107), mártir em Roma,
afirmava: "Vós sois as pedras do templo do Pai, elevado para o alto pelo
guindaste de Jesus Cristo, que é a sua cruz, com o Espírito Santo como corda"
(Carta aos Efésios 9,1).
"Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do
Senhor e dos Apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no
espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no
fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada
pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e
também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e
os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja
união, tanto física como espiritual" (Carta aos Magnésios 13,1-2).
São Justino, mártir no ano 151, escreveu essas palavras
ao imperador romano Antonino Pio: "Os que são batizados por nós são
levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós
o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus
Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos
entregue pelos apóstolos" (I Apologia 61).
São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de S. João
evangelista, mártir no ano 156, declarou: "Eu te louvo, Deus da Verdade,
te bendigo, te glorifico por teu Filho Jesus Cristo, nosso eterno e Sumo
Sacerdote no céu; por Ele, com Ele e o Espírito Santo, glória seja dada a ti,
agora e nos séculos futuros! Amém" (Martírio de Policarpo 14,1-3).
Teófilo de Antioquia, ano 181, confirmou:
"Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo
da Trindade: de Deus [=Pai], de seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria
[=Espírito Santo]" (Segundo Livro a Autólico 15,3).
S. Irineu de Lião, ano 189, afirmou: "Com efeito, a
Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos
apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e
a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus,
encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas,
anunciou a economia de Deus [...]" (Contra as Heresias I,10,1).
"Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho
esteve sempre com o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente
junto d'Ele antes de toda a criação" (Contra as Heresias IV,20,4).
Tertuliano, escritor romano cristão, no ano 210:
"Foi estabelecida a lei de batizar e prescrita a fórmula: 'Ide, ensinai os
povos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'" (Do
Batismo 13).
E o Concílio de Nicéia, ano 325, confirmou toda essa
verdade:
"Cremos [...] em um só Senhor Jesus Cristo, Filho
de Deus, nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de
Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito,
consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que há no céu e na terra.
[...] Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, com
o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual falou pelos Profetas"
(Credo de Nicéia).
Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física
pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa
de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e
apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e
"Trocando Idéias". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site
do autor: www.cleofas.com.br